Archive for Author Ivete

“Selfie de emergência”

 

Tempos difíceis. Na vida afetiva ela sofria pela traição do companheiro de quase duas décadas com aquela a quem chamava de amiga. Há algum tempo o casamento estava em crise e ela já desconfiava de possíveis traições, mas a certeza era recente. Ela não era de atribuir a responsabilidade apenas ao outro, sentia-se também culpada pelo fracasso do relacionamento, mas isso não diminuía a dor. Enfrentar a separação não estava sendo fácil. Mesmo sem filhos, as decisões despertavam mágoa e tristeza. No embate pela posse da casa em que viviam e que ela contribuíra e muito para a aquisição teve que submeter-se à continuidade da presença dele por algumas semanas, que mais lhe pareciam uma eternidade. » Read more

Promessa de ano novo

Com mais de setenta anos de idade, disposto e animado, aceitou o convite de um querido amigo, residente nos Estados Unidos e em passagem pelo Rio de Janeiro, para assistir as festividades da virada de ano, em um apartamento de cobertura em Copacabana. Embora não apreciasse a cidade em que viveu durante anos, a possibilidade de rever o amigo superou as restrições existentes em relação ao local. Em São Paulo, com passagens de avião esgotadas, adquiriu uma de ônibus leito para a ida, imaginando que não haveria problemas para o regresso previsto para o primeiro ou segundo dia de janeiro. » Read more

Árvore de Natal

Os netos e agregados corriam eufóricos pela casa, e de quando em vez paravam diante da árvore enfeitada, com a curiosidade aguçada para descobrir os destinatários dos pacotes enfeitados. Divertindo-se com o alegre som da alegria, a passos lentos, ela buscou assento nas proximidades da árvore. » Read more

Costelinha

O jovem cão, de porte médio, pelo curto, dorso preto, peito amarelo, focinho dividido entre as duas cores, apareceu na praia e fez dela seu lar. Seguia os humanos com cães na coleira, sem latir para os semelhantes, e aguardava, pacientemente, que lhe oferecessem comida. Em dias difíceis deixava a praia para encontrar cumbucas de ração e água depositadas na proximidade das portas de algumas lojas. Observava cães com donos e a atenção que recebiam, e decidiu encontrar um dono para chamar de seu. » Read more

O desaparecimento do anarquista

Sua vida era nômade. Embarcava em diferentes navios, desaparecia da sua cidade durante o tempo da viagem. Viver para ele era não ter regras, amarras, poder gozar da liberdade em sentir e agir. Havia, no entanto, um porto seguro, os braços de uma mulher que despertara sua paixão e que aceitava esse estilo de bem viver. Ela o compreendia, como ninguém. Admirava e amava aquele belo homem e confiava no seu afeto. » Read more

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